terça-feira, 29 de maio de 2012


Dos desejos de um homem enfermo.

Desejos, eis que esses nos percorrem diariamente, como as águas que seguem seu percurso. No entanto, quando as intempéries chegam sorrateiramente e nos pegam de surpresa, a impressão que tenho é de que estes multiplicam-se, diria melhor, enfatizam-se.

Não há nada de agradável em sentir como se as unhas de um gato arranhassem sua garganta, ou como se fosse uma chaleira com água ebulindo ou até mesmo como se alfinetassem seus ouvidos, seu íntimo.

E os desejos? (xiiii) [...] Só aumentam vorazmente como se  devorassem tudo que vissem pela frente e você inerte, só observa.

Desejar faz parte, e como faz, mas não é o bastante, mas no momento, desejo perder em demasia aquilo que me bloqueia e impede do fluxo continuar seguindo, que me fragiliza, remexendo-me por dentro como se fosse dona de mim, alterando meu sistema, modificando-me. Desejo que você vá embora e me deixe descansar em paz e que não voltes tão cedo e se possível, não voltes jamais.

Para a enfermidade que me aniquila.

Atenciosamente;
Ariel Volkova

Nenhum comentário:

Postar um comentário